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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

51 anos da morte do poeta Aureliano de Figueiredo Pinto.



 Poeta Aureliano de Figueiredo Pinto



Aureliano de Figueiredo Pinto
(Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.)

Aureliano de Figueiredo Pinto é, indiscutivelmente, um dos maiores poetas nativista de nossa terra, de todos os tempos.


Com seu vigoroso regionalismo, o nosso idioma, longe de empobrecer-se, adquiriu novas e cintilantes riquezas.


Seus poemas, nascidos das vivências campeiras, com invernos, tropeadas, rondas, noites longas, chimarrão, e outros temas rudes e belos. São sempre, impregnados de comovente humanismo e iluminados pelo sol de sua fulgurante cultura.


A divulgação de seus versos magistrais é, pois, exigência imperiosa de todos os que cultuam as letras pampeanas e que amam nossa Querência.


Nada, nos seus versos, do apenas fácil e pitoresco que caracteriza uma boa parte de poesia gauchesca. A poesia de Aureliano Figueiredo Pinto, profundamente ligada a terra, tem uma extraordinária densidade humana, assumindo sua temática, em muitos passos, o sentido de um canto geral que transcende o mero regionalismo. Poucos livros refletem com mais autenticidade o homem e a paisagem do Rio Grande do que estes “Romances de Estância e Querência”.


Aureliano de Figueiredo Pinto nasceu em 1º de agosto de 1898, na fazenda São Domingos, município de Tupanciretã, filho de Domingos José Pinto e de Marfisa Figueiredo Pinto. Exerceu o ofício de médico, mas por essência foi poeta e escritor.


O processo de alfabetização inicia-se em 1904 quando recebeu aulas de sua mãe, quatro anos depois no colégio Santa Maria em Santa Maria, seguiu seus estudos, de onde enviou a sua mãe seus primeiros poemas. Aureliano inicia ali seu martírio, sua ressurreição e sua glória: escrever.


Aos 17 anos, nasceu uma grande amizade com Antero Marques. Antero seria, pela vida afora companheiro, crítico e confidente a dividir aulas, pensões, ruas, e uma infinidade de cartas. Iniciam as discussões políticas, literárias e filosóficas, que os levariam a participar da Revolução de 30.


Passou a residir em Porto Alegre 3 anos mais tarde, onde prepara o vestibular para Direito, que trocaria mais tarde pela Medicina. Os poemas escritos em meio às anotações escolares antecediam sua estréia com poemas publicados no jornal Correio do Povo, com pseudônimo e nome próprio e nas revistas Kodak e A Máscara, um ano mais tarde.


Amigos passam a classificar seus poemas entre as correntes simbolista e parnasiana. Entre as anotações de aula, Aureliano escreve o poema Gaudério, que marcaria sua vinculação com o nativismo. Anos depois, Gaudério e Toada de Ronda seriam musicados por João Fischer. Segundo testemunhas de Antero Marques, Raul Bopp, entusiasmado com a produção do poeta diria que “Bilac assinaria estes versos” O poema Toada de Ronda é considerado o marco inicial da poesia nativista no Rio Grande do Sul.


Em 1924, parte para o Rio de Janeiro estudar Medicina, lá cursa o primeiro e o segundo ano e retorna a Porto Alegre. Lê Paja Brava, do Viejo Pancho, que marcará sua produção artística, e também livros de poetas regionalistas uruguaios e argentinos, que o influencia a escrever poemas em espanhol. Em 1926, volta aos estudos de Medicina no Rio de Janeiro, mas no mesmo ano retorna a Porto Alegre. Somente em 1931, conclui o curso de Medicina, e logo abre seu consultório em Santiago. Abre o coração aos campos e aos tipos humanos que o povoam. A partir dali o trabalho de médico rouba-lhe o tempo de leitura e criação. Passa a fazer viagens ao interior do município, atendendo a chamados médicos e fica com os peões tomando mate e ouvindo causos.


Três anos mais tarde por falta de dinheiro dos clientes para compra de remédio, suas práticas médicas são interrompidas. Aureliano cria um código que é colocado nas receitas, para que fossem debitadas para alguns de seus amigos. Nessa época, seus poemas são datilografados por Túlio Piva, para quem produz textos para serem lidos na rádio local.


Em 1937, já com quase 40 anos, passa a dirigir o Posto de Higiene de Santiago. Anos mais tarde, seria o fundador do Hospital de Caridade. Casa com Zilah Lopes, em 29 de dezembro de 1938 com que tem 3 filhos.


Em 1941, troca Santiago por Porto Alegre, assume a subchefia da Casa Civil do interventor Cordeiro de Farias. Fica poucos meses no cargo e retorna a Santiago.


Em 1956 inicia a reunir e selecionar seus poemas,espalhados entre amigos, para publicá-los em livros. Seu filho José Antônio vai à Editora Globo e ali espera até ter em mãos dez volumes de Romances de Estância e Querência – Marcas do Tempo o primeiro livro publicado de Aureliano de Figueiredo Pinto. Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.


Em 1963, é publicado “Ad Sodalibus” pela Livraria Sulina, seu segundo livro de poesias Romances de Estância e Querência – Armorial de Estância e Outros Poemas. Em 1974, é publicada pela Editora Movimento, a novela Memórias do Coronel Falcão. Em 1975, Noel Guarany recebe autorização dos familiares do poeta para musicar Bisneto de Farroupilha e Canto do Guri Campeiro.
Aureliano de Figueiredo Pinto - Poeta e Médico - Nasceu em Tupanciretã, na fazenda São Domingos, em 01 de agosto de 1898. Filho de Domingos José Pinto e Marfisa Figueiredo Pinto, foi um respeitado médico e poeta incomparável -  relatou em versos o seu
mundo e seu tempo, período de grandes disputas políticas e ditaduras. Logo após a sua formatura passou a residir em Santiago (RS), onde atuou como médico e, nas horas de folga, poeta. Quando visitava algum paciente no interior do município, ficava horas conversando com os peões ou mateando com eles nos galpões, o que fazia quando recebia campeiros para um mate em sua residência, após o atendimento que buscavam.


Concluiu o curso de Medicina em 1931, no Rio de Janeiro, e, no ano seguinte, já trabalhava médico em Santiago-RS. Muito cedo podia ser visto vestindo uma bombacha simples, com uma chaleira e cuia na mão, hábito que nunca abandonou. Esperava a Farmácia Piva abrir, para uma charla com seu amigo Túlio, o proprietário.
      Entre agosto de 1936 e março de 1937 escreveu"Memórias de Coronel Falcão". Em 1937 dirigiu o Posto de Higiene de Santiago. Anos mais tarde foi o fundador do Hospital de Caridade. Em 29 de dezembro de 1938 casou-se com Zilah Lopes (do casamento nasceram os filhos José Antônio, Laura e Nuno Renan). Em 1941 mudou-se para Porto Alegre-RS, para assumir a sub-chefia da Casa Civil do Interventor Cordeiro de Farias, onde ficou poucos meses, retornando à Santiago.


      Seus versos foram organizados pelo amigo Túlio Piva, em Santiago, pois esses chegavam escritos em receituários, que eram passados a limpo e datilografados pelo amigo e foram editados nos livros " Romance de Estância e Querência".


      O livro "Itinerário - Poemas de Cada Instante" foi publicado com base em originais reunidos por familiares.
Aureliano de Figueiredo Pinto, com a irmã e mãe - em Santa Maria (RS)
      Em 22 de fevereiro de 1959, dias após o filho José Antônio ter esperado a Editora Globo editar os dez primeiros exemplares do livro impresso após amigos e familiares terem reunidos os poemas, que foram levados para Santiago - "Romance de Estância e Querência - Marcas do Tempo" -, Aureliano falecia de câncer.


      Em 1971, Noel Guarani gravou o LP Legendas Missioneiras, onde já incluiu uma obra de Aureliano, o poema Gaudério, musicando-a. Em 1973, Noel recebia da família do Poeta autorização para musicar outros poemas e inclui no seu segundo LP, "Destino Missioneiro", os "Bisneto de Farroupilha" e "Canto do Guri Campeiro", consolidando a parceria com o Mestre. No terceiro LP, "Sem Fronteira", gravou "Aquele Zaino". No quarto LP, "Payador, Pampa e Guitarra", gravado pelo Noel e o Jayme Caetano Braun, foi imortalizado o poema "Tobiano Capincho". O LP seguinte, lançado com o nome de "Noel Guarany Canta Aureliano de Figueiredo Pinto", incluíu oito obras do Poeta, musicados pelo Noel ("De noite ao tranqüilo", "O Canto do Guri Campeiro", "Oração de Posteiro", "Gaudério", "Aquele Zaino", "Tobiano Capincho", "Toada de Ronda" e "Bisneto de Farroupilha"). Por fim, no LP "Alma Garra e Melodia", Noel gravou de Aureliano o"Presídio Municipal", imortalizando parte da obra de Aureliano de Figueiredo Pinto.



Aureliano
Jayme Caetano Braun

I - Enrouqueceu a cordeona
Num lamento sepulcral
E ponteando em funeral
Deu o último gemido,
Que foi de ouvido em ouvido
Pela coxilha e o plano
Contar que o grande AURELIANO
Rumbeara ao desconhecido.

II - Morreu Aureliano Pinto
No longínquo Santiago,
O maior cantor do pago
Na cancha do gauchismo
E nos deixou no lirismo
Que dos seus versos deságua
Milagrosos veios d’água
Do crioulo nativismo.

III - Viveu cantando o Rio Grande
Como convém a um xiru,
Mais xucro que um pé de Umbu,
Muita sombra e tronco forte,
Sempre pelegueando a sorte
Todo riscado de talhos,
Lascando os últimos galhos
“De ponta com o vento norte”.


IV - E à hora da extrema-unção
Ao padre que o atendera
E que os óleos esquecera,
O xiru guasca, no fim,
Dissera, em voz fraca, assim:
- Meu padre, isso fica feio
Gaúcho vir no rodeio
Sem trazer o creolim -.


V - Se foi... como todos vão,
Já não respira entre nós,
Ficou porém sua voz
Como palanque sem casca,
Não dá de si, ninguém lasca
No amor ao Rio Grande velho
E é o mais sublime evangelho
Nos testamentos do guasca.


VI - Vate xucro, inigualável,
Deste chão onde nasci
Deus te guarde junto a si
Pois sendo guasca também
E te conhecendo bem
Ele, o Patrão do universo
Se encantará com teu verso
Junto aos fogões do além.



Saiba mais sobre Aureliano
http://www.youtube.com/watch?v=Ro76gnYttLc


Colaboração: Hilton Araldi

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