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quinta-feira, 22 de março de 2012

Leilões multiplicam cavalos crioulos



Antonio Costa/Gazeta do Povo
Antonio Costa/Gazeta do Povo / Ginete Vagner Neumeister treina Vivenda do Purunã para provas deste fim de semana. Com 5 anos, animal criado em Balsa Nova ganha status de competidor profissionalGinete Vagner Neumeister treina Vivenda do Purunã para provas deste fim de semana. Com 5 anos, animal criado em Balsa Nova ganha status de competidor profissional
EQUINOCULTURA


Remates registram faturamento acima de R$ 100 milhões ao ano e estimulam criação da raça, concentrada em cabanhas da Região Sul
Criadores e apreciadores do cavalo crioulo alcançam em 2012 mercado dez vezes maior que o de uma década atrás. A raça, trazida para o país no período colonial, passou a facinar criadores do Sul nas últimas décadas e, agora, ganha as demais regiões do país. O faturamento dos leilões passou de R$ 10 milhões, em 2001, para R$ 106 milhões, em 2011, conforme os números do setor, e promete novo salto.
O ano está começando para os criadores da raça crioula, com uma série de competições e remates que vão culminar em agosto, na Expointer, em Esteio (RS). No ano passado, a comercialização da raça na feira chegou a R$ 7,2 milhões, 62% do total obtido com a venda de todas as espécies de animais, que somou R$ 11,6 milhões. “Isso reflete a boa fase do crioulo no mercado”, diz o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Manoel Sarmento.
Antonio Costa/Gazeta do Povo
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Seleção genética
O cavalo crioulo, considerado excelente para o trabalho de manejo do gado, ganha valor nas competições e remates.
Geração de elite
Os animais reprodutores que estão no mercado vêm sendo selecionados em fazendas e competições há pelo menos três décadas. A maior competição é o Freio de Ouro, com etapas credenciadoras no Brasil, Argentina e Uruguai.
Vida de atleta
Crias de vencedores têm tratamento especial e iniciam treinamento para competições ainda jovens. São necessários um ano para doma e dois para treinamento de habilidades específicas como apartamento de animais e provas de resistência.
Horse treiners
O treinamento dos cavalos é feito por ginetes especializados. Diariamente, acompanham cada candidato em sessões técnicas e de condiciona­­mento físico, na terra e na água (foto, com Universo do Purunã, de 6 anos). Por semana, dois dias de descanso.
Valor variável
Vencedores do Freio de Ouro chegam a valer mais de R$ 1 milhão na fase final, em Esteio (RS). Os animais menos aptos a competições são vendidos para apreciadores da raça e para a lida no campo e valem cerca de R$ 20 mil.
O mercado reflete a capacidade de adaptação ao frio e ao calor e o potencial de expansão da raça crioula, conforme Marcelo Silva, da Trajano Silva Remates. Hoje, 95% do rebanho brasileiro continuam concentrados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mas registra-se interesse crescente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Produtores de soja que se instalam no Cerrado estariam fazendo os equinos subirem o mapa a galope.
Segundo projeções da ABCCC, a comercialização dos cavalos deve chegar a R$ 308 milhões em 2020. Além do potencial inexplorado no Brasil, o exterior também reserva mercado para o animal brasileiro. “Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos, Ale­­manha e Itália figuram [nessa ordem] como os maiores compradores nos últimos anos”, diz Silva.
Os criadores investem alto em genética, com seleções próprias e na compra de reprodutores campeões. “Trata-se de aprimorar uma raça que já é naturalmente excepcional”, diz o presidente da ABCCC. A associação possui registros de 350 mil animais vivos e cerca de 30 mil criadores em todo o Brasil. Só em 2010, 574 novos criadores ingressaram no mercado. No Paraná, são 843 proprietários e criadores da raça e um rebanho de 14.696 animais.
Trazida à América do Sul pelas mãos dos espanhóis, a raça crioula foi forjada por meio de um processo de seleção natural de cerca de 500 anos, que lhe concedeu duas de suas principais qualidades: a rusticidade e a resistência.
“Em meio ao rigor do inverno sulino, restaram apenas os cavalos mais fortes da raça, aqueles que conseguiram resistir e se adaptar às condições climáticas, à seca e à falta de alimento”, explica garante Jorge Agnelo do Nascimento, inspetor técnico da ABCCC, responsável pelo registro dos animais junto a Associação. Nas fazendas onde trabalham na lida com o gado, os animais podem se alimentar apenas de pasto.
Competição tem mais de cem etapas
Criado em 1982 para eleger os melhores cavalos crioulos, o Freio de Ouro consolidou critérios morfológicos e funcionais e se tornou uma atração para os apreciadores dessa raça equina. Em todo o Brasil, são realizadas 102 provas credenciadoras, que selecionam os animais para 12 etapas classificatórias regionais: dez realizadas no Brasil, uma na Argentina e outra no Uruguai.
Cerca de 2.500 animais participam das fases classificatórias, mas apenas 88 saem habilitados a competir nos cinco dias de provas finais do Freio de Ouro, que ocorre na Expointer, em Esteio (RS), na última semana de agosto e na primeira de setembro. Ao final da grande “peneira”, seis cavalos são eleitos, três machos e três fêmeas reprodutores.
No Paraná, estado com o segundo maior plantel, depois do Rio Grande do Sul, ocorrem cinco credenciadoras – duas em Ponta Grossa, uma em Maringá, uma em Balsa Nova e outra em Pato Branco.
“A cobertura de um cavalo vencedor do Freio de Ouro não sai por menos de R$ 5 mil, chutando baixo”, afirma Jorge Agnelo do Nascimento, inspetor técnico da ABCCC. Um cavalo campeão chega a R$ 1,2 e pode custar até R$ 5 milhão, relata.

Serviço: As competições de credenciamento ao Freio de Ouro e o calendário dos remates podem ser acompanhados pelo site www.freiodeouro.com.br. A cabanha São Rafael, de Balsa Nova (Campos Gerais), realiza credenciadoa de inéditos de hoje até domingo, com julgamentos, provas e remate (www.cabanhasaorafael.com.br)

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