Mais um ano está chegando ao fim e não podemos deixar de agradecer a todos que de alguma forma estiveram conosco. Assim, deixamos aqui uma mensagem de reflexão de Lisandro Amaral. Esperamos em 2012 poder seguir compartilhando as mensagens, shows e obras do artista que, de forma simples, homenageia o homem do campo e contribui com a cultura gaúcha.
Um ótimo natal e um 2012 repleto de realizações.
Desde o momento em que passei a ter memória de minhas manifestações como consumidor, passou a ser nítido meu desapego material, a ponto de andar por ai perdendo e danificando meus pertences, e às vezes os de outros, que por alguma razão ficaram aos meus “cuidados”. Defeito ou não, está identificada essa característica expressiva neste andante.
Quando se aproximam as datas de comemorações natalinas e vejo multiplicarem-se as angustias dos homens, pra atenderem o infeliz compromisso do presente, mais me desapego ao material e respiro os amigos sadios e a música que paira de graça.
Alcançar a famosa lembrancinha, no dia 25 de dezembro, pode tirar da maioria das pessoas a sobra financeira do suor diário e tumultuar a paciência nas filas dos comércios. Essa paciência (bom humor) - provavelmente - seria usada na comunhão harmônica entre parentes e amigos.
Os consumidores, obrigados pela cultura imposta, chegarão com o desconforto dos ambientes de venda, aos lugares de festejo, onde disfarçadas de carne assada e euforia, estarão também fantasiadas de bom velhinho, as dívidas do ano vindouro.
“Como começaria mais sadio o ano novo, sem aquele imenso televisor que a fulaninha chorou pra ganhar. E agora como eu pago a rematrícula?”
Somos o que somos, não o que temos ou doamos materializados pelas indústrias.
Eu quero dos meus filhos o sorriso no natal diário, a saúde no amanhecer... e no anoitecer: um obrigado pai por me fazer feliz sobre o lombo da Joaninha, minha petiça moura...
Está na face da criança a felicidade imaterial.
Ensine aos menores os valores maiores...
Ainda temos para presentear: uma tarde de mar, um domingo no arroio ou um passeio natural...
Nada de plástico, tudo de vida!
Perdi muito do material que me alcançava o tempo...
Estão nos ventos meus buçais de doma, meus chapéus caídos...
E ainda penso que ganhei da vida, meu maior presente
Por estar cadente e saber que a gente basta em ter vivido.
O que encontrares não terá meu nome, pois não foi de mim...
Ficou no chão porque não soube a mão cuidar o bem querido.
Serão as boinas e rebenques novos. Teus agora, entendes?
Eu perdi consciente e ganhastes crente por eu ter perdido.
E quando achares, no caminho saiba que eu não sou Noel.
E perdi ganhando do trenó da vida meus pertences nobres.
E que nunca o gesto de presentes caros sobressaia o claro
De um abraço antigo, de um carinho amigo no natal dos pobres.
Ensine aos menores os valores maiores de haver nascido.
Somos o que somos e jamais seremos nossos bens perdidos!
Eu preciso ver que estarás feliz quando me ver presente.
Eu preciso mesmo é que não chores nunca um bom amor vivido.
Que o teu presente seja o que o natal alerta ao bem vivido.
Compartilhem flores que estarão de graça no jardim da vida.
Que floresça a praça ao te ofertar com graça o que plantou o amor
Quando o criador benzeu de luz sublime pra ser compartida.
Diga que eu não pude ofertar o preço, pois pediram muito.
E eu não tinha plata, andava de alpargata, mas cheguei FELIZ.
Tenho o que tu quis, tens o que eu almejo na ilusão dos pobres
Que esse povo “nobre” nunca venda e sobre o bom do meu País.
Que esse povo rico, esteja de alpargata... saiba andar sem plata e tenha o que comer.
Diga que eu não pude ofertar o preço para ter riqueza...
Que eu não fui às compras, me sobraram roupas e vou rezar aos nobres
Pra que tenham luzes governando o mundo pelo pão nas mesas.
Somos o que somos, não o que compramos pra somar pobreza..."
Lisandro Amaral
Um ótimo natal e um 2012 repleto de realizações.
"Somos o que somos, não o que não podemos comprar...
Desde o momento em que passei a ter memória de minhas manifestações como consumidor, passou a ser nítido meu desapego material, a ponto de andar por ai perdendo e danificando meus pertences, e às vezes os de outros, que por alguma razão ficaram aos meus “cuidados”. Defeito ou não, está identificada essa característica expressiva neste andante.
Quando se aproximam as datas de comemorações natalinas e vejo multiplicarem-se as angustias dos homens, pra atenderem o infeliz compromisso do presente, mais me desapego ao material e respiro os amigos sadios e a música que paira de graça.
Alcançar a famosa lembrancinha, no dia 25 de dezembro, pode tirar da maioria das pessoas a sobra financeira do suor diário e tumultuar a paciência nas filas dos comércios. Essa paciência (bom humor) - provavelmente - seria usada na comunhão harmônica entre parentes e amigos.
Os consumidores, obrigados pela cultura imposta, chegarão com o desconforto dos ambientes de venda, aos lugares de festejo, onde disfarçadas de carne assada e euforia, estarão também fantasiadas de bom velhinho, as dívidas do ano vindouro.
“Como começaria mais sadio o ano novo, sem aquele imenso televisor que a fulaninha chorou pra ganhar. E agora como eu pago a rematrícula?”
Somos o que somos, não o que temos ou doamos materializados pelas indústrias.
Eu quero dos meus filhos o sorriso no natal diário, a saúde no amanhecer... e no anoitecer: um obrigado pai por me fazer feliz sobre o lombo da Joaninha, minha petiça moura...
Está na face da criança a felicidade imaterial.
Ensine aos menores os valores maiores...
Ainda temos para presentear: uma tarde de mar, um domingo no arroio ou um passeio natural...
Nada de plástico, tudo de vida!
Perdi muito do material que me alcançava o tempo...
Estão nos ventos meus buçais de doma, meus chapéus caídos...
E ainda penso que ganhei da vida, meu maior presente
Por estar cadente e saber que a gente basta em ter vivido.
O que encontrares não terá meu nome, pois não foi de mim...
Ficou no chão porque não soube a mão cuidar o bem querido.
Serão as boinas e rebenques novos. Teus agora, entendes?
Eu perdi consciente e ganhastes crente por eu ter perdido.
E quando achares, no caminho saiba que eu não sou Noel.
E perdi ganhando do trenó da vida meus pertences nobres.
E que nunca o gesto de presentes caros sobressaia o claro
De um abraço antigo, de um carinho amigo no natal dos pobres.
Ensine aos menores os valores maiores de haver nascido.
Somos o que somos e jamais seremos nossos bens perdidos!
Eu preciso ver que estarás feliz quando me ver presente.
Eu preciso mesmo é que não chores nunca um bom amor vivido.
Que o teu presente seja o que o natal alerta ao bem vivido.
Compartilhem flores que estarão de graça no jardim da vida.
Que floresça a praça ao te ofertar com graça o que plantou o amor
Quando o criador benzeu de luz sublime pra ser compartida.
Diga que eu não pude ofertar o preço, pois pediram muito.
E eu não tinha plata, andava de alpargata, mas cheguei FELIZ.
Tenho o que tu quis, tens o que eu almejo na ilusão dos pobres
Que esse povo “nobre” nunca venda e sobre o bom do meu País.
Que esse povo rico, esteja de alpargata... saiba andar sem plata e tenha o que comer.
Diga que eu não pude ofertar o preço para ter riqueza...
Que eu não fui às compras, me sobraram roupas e vou rezar aos nobres
Pra que tenham luzes governando o mundo pelo pão nas mesas.
Somos o que somos, não o que compramos pra somar pobreza..."
Lisandro Amaral
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